Resultado positivo do comércio em novembro não pode ser extrapolado para os próximos meses em virtude do efeito ômicron, mas cenários de recessão parecem implausíveis em 2022…
- Entre novembro e meados de dezembro, os impactos econômicos da variante ômicron ainda não tinham chegado ao Brasil. Isso impediu uma contração maior nas compras de Natal. O pagamento da primeira parcela do décimo terceiro também contribuiu para um resultado positivo.
- Novembro, mês da Black Friday, apresentou um bom desempenho tanto em serviços quanto em comércio. É possível que o Natal também tenha impacto positivo sobre a atividade em dezembro. Isso torna pouco provável o cenário de recessão em 2022 que uma parcela dos analistas tem vaticinado.
- Após três meses de queda, as vendas no varejo cresceram 0,6% em novembro. O varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, apresentou alta semelhante, de 0,8%.
- O resultado para as vendas no varejo veio acima da expectativa de mercado, -0,2%, e em linha com a projeção da GO Associados, de 0,8%.

- No penúltimo resultado de 2021, as vendas no varejo acumulam alta de 1,9% no ano. O comércio varejista ampliado apresenta alta de 5,3% no acumulado dos onze primeiros meses de 2021.
- Apesar dos bons resultados, alguns setores continuam a sofrer, em especial o de venda de combustíveis cujo preço disparou ao longo de 2021.
Variação percentual (nov/21)

O que vai mexer com as expectativas na próxima semana…
No cenário doméstico:
- O principal destaque da próxima semana será a divulgação do IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, de novembro, na próxima segunda-feira.
- Outro ponto de atenção é o avanço da variante ômicron e a adoção de medidas sanitárias. Alguns estados e cidades já anunciaram a redução da capacidade de público em eventos. Na segunda-feira (17) deve ser iniciada a vacinação em crianças de cinco a onze anos em alguns estados.
- A paralisação parcial de auditores da Receita Federal em reação à aprovação de aumento apenas para policiais no Orçamento de 2022 começa a causar impacto tanto nas fronteiras terrestres do país quanto nos portos com atrasos em liberações e formações de filas. A categoria de servidores federais promete greve para a próxima terça, 18.
- A onda de calor registrada no sul do país e em outros países da América do Sul deve continuar a chamar atenção. Há possibilidade de danos à produção agrícola de milho e soja.
- Além da onda de calor extremo, a seca em determinadas regiões vem sendo apontada também como fator negativo para a produção agrícola.
No cenário internacional:
- Merece atenção a chance de conflito entre Rússia e os países membros da Otan em razão do conflito na Ucrânia. Fracassaram as tentativas de negociação entre as partes e a expectativa é que a Rússia responda ao apoio que a Otan promete ao governo ucraniano, enviando tropas para Cuba e Venezuela. Esta disputa geopolítica pode ter impactos no preço do petróleo.
- Destaque da próxima semana será a divulgação do PIB da China, na madrugada do dia 17. A projeção do Banco Mundial é que a economia chinesa tenha crescido 8% em 2021. Um valor elevado se comparado ao Brasil, mas modesto para os padrões chineses das últimas décadas, considerando a comparação com 2020, que foi de um crescimento de 2,3%, o menor em 44 anos.
- A semana será mais curta nos Estados Unidos, dia 17 de janeiro é o feriado em homenagem a Martin Luther King Jr.
- Também no dia 17, será divulgada o IPC (índice de inflação) da União Europeia. A expectativa do mercado é o resultado seja 4,9%, o mais alto da série histórica. Os mercados observam atentos os dados de inflação com a expectativa de uma contração maior na política monetária nas principais economias do mundo para conter a alta dos preços, que pode ter reflexo na condução da política monetária e no câmbio no Brasil.
